Vou falar um pouco sobre avaliação de Professores nas escolas públicas. Os professores são os profissionais mais expostos, pois estão constantemente a ser observados e criticados pelos seus alunos, pais e conhecidos dos alunos, pois tudo o que o professor faz e diz e tudo o que se passa numa sala de aula e até na escola é do conhecimento de todos, quase instantaneamente, e actualmente até já é do conhecimento do mundo inteiro, via Internet, como todos já sabemos. Para mim está claro que o modelo de avaliação de professores proposto pelo M.E. é injusto, discriminatório e perverso e deixa o caminho aberto para a discriminação sistemática, a perseguição e todo o tipo de avaliações arbitrárias e que vai gerar e já gerou grande frieza e mau relacionamento entre colegas, que competem pelas quotas, pelos títulos, pelo prestígio, pelos cargos, pelo dinheiro e pelo poder sobre os outros, coisa que muitos desejam. Não é um modelo transparente, simples, claro, objectivo, formativo, integrativo, colaborativo, racional, eficiente, isento, prático, económico e logo nada justo. É inútil, é perverso e abre caminho à arbitrariedade, à perseguição e à discriminação sistemática entre colegas de trabalho, que exercem as mesmas funções, os mesmos cargos e têm todos formação de nível superior. E não é benéfico, para o processo educativo e para o bom funcionamento das escolas existirem professores titulares, quotas, competição selvagem, rasteiras, ciladas e outras coisas parecidas entre colegas, que devem cooperar abertamente e fraternalmente uns com os outros. Em conclusão, não é um modelo sensato, prático, justo, transparente e eficiente...
E sabiam que agora os cargos e os privilégios podem ser só para os amigos e que os inimigos podem ser perseguidos e prejudicados ...
A avaliação entre pares é perigosa, cria um péssimo ambiente na escola e é sempre parcial. Ninguém tem nada e eu também não, contra a amizade entre as pessoas, entre os colegas de trabalho e entre chefes e subordinados. Mas nas escolas os professores se associam entre eles em função das suas características pessoais, sociais, culturais, cientificas, afectivas, raciais, religiosas, políticas, desportivas, sexuais, profissionais e outras e o mesmo acontece com os alunos e com outros seres vivos humanos e de outras espécies e como é normal em grandes grupos e em sociedade. Só que, num ambiente de grande competitividade pelos cargos, pelas quotas, pelos privilégios, pelo poder, pelas vantagens, pelos títulos, pelas notas, pela aprovação, pelas facilidades, pelo dinheiro, pela certificação, pelos muito bons e pelos excelentes gera-se naturalmente grande conflitualidade e onde se concorre e compete ferozmente pela sobrevivência e pela qualidade de vida, a imparcialidade, a independência e a isenção nos juízos, nos julgamentos e nas avaliações está totalmente comprometida...
E porque o que nos é familiar é nos, desconhecido. As pessoas só podem ver e perceber, o que querem ver e perceber. O racional, só é racional num certo contexto. As coisas mudam. O saber e a verdade são sempre relativos. Tudo é muito subjectivo. Tudo tem sempre muitos significados, dependentes da cultura, da personalidade, do carácter, dos contextos socioculturais, da formação escolar e de todas as circunstâncias pessoais e sociais das pessoas...
E as pessoas do órgão executivo das escolas e todos os professores não têm capacidade de avaliar outros docentes, por muitas razões, de entre as quais, porque não podem saber o que se passa nas salas de aulas, porque não podem lá estar sempre, porque não percebem de todas as matérias científicas, porque a opção por variadíssimos métodos pedagógicos é totalmente subjectiva, porque em educação e ensino não existem receitas e técnicas que se apliquem sempre da mesma maneira, independentemente dos contextos e das necessidades educativas dos alunos, porque o domínio por uma única pessoa de todas as competências possíveis é impossível, porque os afectos nos cegam e nos traem sempre, porque a ambição desmedida e sem escrúpulos nos cega e nos trai sempre, porque a imparcialidade e a isenção é impossível e porque a escola não é uma realidade social isolada da sociedade e das lutas fratricidas pelo poder, pelas riquezas e pelas vantagens, que estão sempre presentes na vida da escola...
O Tempo é o melhor amigo, o melhor professor, o melhor médico, o melhor conselheiro e o melhor juiz!
Lembro que o trabalho docente é um direito dos mesmos docentes, que lhes é directamente atribuído pela lei e não por um chefe burocrata, dado se tratar de profissionais que exercem as suas funções com um elevado grau de autonomia, devido à complexidade das mesmas e os actos educativos serem actos criativos irrepetíveis, quer no tempo, quer no espaço e impossíveis de reproduzir e de serem imitados por outras pessoas, dado cada pessoa ser um "ser" único e diferente, na sua liberdade e na sua estrutura e por isto o processo educativo é um processo único e irrepetível, que depende das disciplinas científicas e do empenhamento, da formação prévia e da personalidade dos alunos e ainda dos contextos socioculturais e das circunstâncias pessoais e sociais de todos os alunos, dos professores e de todas as pessoas que dirigem a organização escolar e a gestão dos programas, dos recursos e dos espaços educativos...
E porque violência (pecado) é todo o pensamento, palavra, acto ou omissão, que faça sofrer física e psicologicamente outro ser vivo...ou o próprio autor da violência...
"Para que o mal triunfe basta que os Homens bons não façam nada!"
"A apreciação é uma coisa maravilhosa faz com que o excelente dos outros nos pertença também!"
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." (Friedrich Nietzsche)
Quem puder que entenda...
Pausa para reflexão...
Manuel de Sousa Ribeiro
Ler também:
Utopia e Realtà e Le Origini del Bene e del Male
Ver os sites:
http://www.edizioniatena.it/index.asp?c=Economia%20e%20scienze
http://utopiaerealidade-utopiaandreality.blogspot.com/
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